quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sob o efeito de noites brancas

“Mas uma espécie de obscura sensação que lhe magoa e agita ligeiramente o peito, uma espécie de desejo novo, seduz, afaga e irrita sua imaginação, e suscita furtivamente todo um enxame de novos fantasmas.” Noites Brancas F. Dostoievski

Um suor pantanoso que suga toda a verve. Quanto mais seco e argiloso seu prazer inflama, um misto de torpor e angústia faz arder à noite branca com a insônia do despertar de mil primaveras. Injusto verso ausente ao trago amargo da madrugada, com sua vida negra que sangra na busca de um útero fértil para a arte solitária e incômoda do sonhador. São mulheres de enterros e são grutas inexploradas da razão! Imundos fornicadores em festas pagãs correndo nus aos atropelos da bebida trazendo à mente um turbilhão inimaginável de paixão. São noites brancas. Raro riso do poeta.