quinta-feira, 24 de abril de 2008

A VOZ DO TRABALAHDOR



A Voz do Trabalhador, jornal anarco-sindicalista editado pela Confederação
Operária Brasileira (C.O.B.), no Rio de Janeiro entre 1908 e 1915, recebeu edição
fac-símile em 1985 da Imprensa Oficial do Estado de S.P. ao publicar 71 edições
que se tornam a base desta investigação. Em pesquisa anterior (ARENA, 2007)
foram investigados 21 exemplares, publicados entre 1908-1909. Atualmente estão
sendo investigadas as 49 edições restantes, de 1913 a 1915.
fonte:Referência a materiais de leitura e educação entre os anarco-sindicalistas
(1913-1915). Alessandra C. Antonio, Dagoberto B. Arena. Unesp/Marília. Pibic/cnpq.

A VIDA


A revista A Vida era uma publicação mensal de Filosofa libertária que existiu no Brasil de Novembro de 1914 a Maio de 1915. Saíram 7 números da revista e o grupo que a produzia se dispersou logo depois. Apesar da existência efêmera, a sua importância foi significativa.
fonte:A PEDAGOGIA ANARQUISTA BRASILEIRA Paulo Carrão

A PLEBE


No ano de 1917, Edgard Leuenroth fundou o periódico anarquista A Plebe. Este periódico sofreu várias intervenções policiais e por diversos períodos teve asua circulação suspensa. Edgard Leuenroth encerrou definitivamente a publicação do A Plebe no ano de 1949.

domingo, 13 de abril de 2008

A VIDA DA PLEBE NA VOZ DO TRABALHADOR

Dedicado à imprensa operária livre
Ao final da tarde outra ferramenta será polida, e desta vez nenhum pingo de suor será derramado em vão. Há de se tomar cuidado para que não a trate como uma doce esposa a quem se dedica a vida com amor exclusivo, pois toda ferramenta tem seu fim e quando polida demais o fetiche obscurece a razão.
Nossas vozes nunca serão silenciadas e as utopias não mais haverão de se apagar. É preciso que todos saibam da cor vermelha que tinge nossas mãos por meio de nossas próprias gargantas e de ninguém mais, pois é nosso sangue que toca o solo. Palavras são ferramentas que imprimem vida e luz no papel para que todos sejam senhores da sua própria conquista ao pão, com justiça, alegria e trabalho, destroçando as algemas que em nossos pés teimam em querer nos atrasar. A beleza das palavras está em dizer ao mundo que a liberdade vem da luta.
Entenda que os fortes não se calam jamais, e fortes sempre seremos até que reste o ultimo suspiro de nossas almas, pois desejamos estar livres a todo nascer do sol. Acredite por favor, que enquanto houver acorrentados à sua volta, haverá necessidade de contar sobre a vida da plebe na voz do próprio trabalhador, pois este nunca quis ter sua expressão traçada pelos mesmos canalhas que enfiam a faca em suas costas e depois choram em seu velório.

Carta aos autoritários

extraído do jornal Folha Criativa


Isto que vou lhe dizer estava há tempos entalado em minha garganta e só agora a coragem traz à tona. Falo junto a diversas outras vozes que daqui a diante não mais se calarão, pois contigo vão estar ressoando aos ouvidos.
Tua forte persistência em desacreditar na pureza da vida e na beleza do mundo que cada ser carrega consigo faz-te envelhecer um pouco mais a cada dia. Lembra-te de quando era apenas uma criança? Teu riso encantava e tinha força. Em tempos passados é certo que não ousaria cometer o erro mortal de viver exclusivamente sob o signo da razão e da moral, desmerecendo os sonhos e as virtudes das pessoas, impondo a todos suas nobres verdades.
Estamos só você e eu agora, não poderá assim, ignorar minha voz como várias vezes já o fez publicamente na posse de seu estandarte. Tente não passar por cima de meus ideais, pois estes não mais irão sucumbir à vossa vontade. Tenho conhecido forças em mim que adormeciam em meu âmago e agora vibram como mil tambores em fúria, dispostos a ressoar no peito de todos os que assim como você, insistem em impor medo e autoridade. Tenha clareza de que suas ações são nefastas e possuem poderosas implicações na vida dos que se encontram oprimidos por tua ignorância.
Esta carta foi escrita porque resisto bravamente à sua insensata arrogância e desejo da forma mais calorosa possível que venha a revelar-te tudo o que sempre esteve logo à sua frente e não conseguias ver, estando deveras obscurecido por sua cortina de vaidade. Sigo meu caminho certo de que se lembrará destas palavras como se ditas repetidas vezes, pois muitas vezes haverá de ouvi-las quando meu olhar cruzares com o teu.

SONS EMBURRECEDORES

Estamos em silêncio, nossos corpos respiram com o peito na terra. Nem as perguntas que fazemos ao mundo ou ainda as tolas respostas que receitamos aos ouvintes fantasmas de nossos sonhos fazem sentido agora. A beleza deste momento está na poesia de ficar em silêncio num mundo de sons emburrecedores, como quem cria nos ares de uma noite de verão e dorme docemente com as janelas abertas no murmúrio leviano dos dias ensolarados.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Reclus e a montanha

Homenagem à vida de Elisee Reclus, por sua enorme contribuição ao Anarquismo e à Geografia.
Diversas são as cores que a contemplação nos imprime. O ar fresco e as manhãs da montanha trazem paz à rocha, ao inseto e à erva. Ao homem, que encara os vales e desafia as íngremes escaladas, resta retribuir a impressão de leveza causada pela estada no cume, demonstrando gratidão ao dispor sua vida a munir diversos olhares com os mesmos olhos atentos repletos de liberdade.
Poucos minutos em comunhão com o suave movimento do riacho guiam o espírito mais insensível à consciência de si próprio.Esta cena, de beleza indescritível, traz implicações capazes de embriagar para sempre a alma de qualquer ser, inflando-as de desejos repletos das mais suaves melodias. A contemplação do que é naturalmente belo deverá enobrecer a alma daquele que luta até o fim para que os todos corpos gozem de uma terra sem pátria, sem deus e sem patrão, cultivada com o suor e o amor de quem é, e nunca deixará de ser, natureza.

Infeliz carta póstuma de um militar à sua farda engomada.

Seria injusto culpá-la diretamente de minha morte já que tanto fui informado do destino que me aguardava. Devo admitir que tapei meus ouvidos ao mundo envelhecido de minhas memórias, onde crianças aos berros faziam gestos com as mãos para que me afastasse daquela peça de roupa que tanto me atraia. Portanto tenho culpa por estar aqui duro e frio nesta caixa de madeira. É incrível como a morte faz de você um grande pensador. Ela te dá tempo suficiente para perceber as burrices que fez em vida, apontando um por um os motivos e as etapas que te encaminharam à monotonia do estado de óbito.
Aquela maldita farda sugou meu sangue até a ultima gota. Até meus lábios ficarem secos e minha pele ficar azul, aquele demoníaco instrumento de tortura destruiu os sonhos de uma vida inteira. Fez-me cego e estúpido desde o momento que meus olhos a fitaram pela primeira vez impondo-me suas cruéis ambições e desejos de superioridade. Deixei de ser criança e passei a ser Farda. Toda minha inteligência e emoção foram arrancadas da minha pele para dar espaço ao ser sem riso que tomava conta de mim com aquela roupa.
De nada me serve esta carta, meus olhos já vão sendo devorados por vermes famintos, a carne já vai perdendo cor e as mãos já não tocam seio algum, enquanto vou me tornando o que me arrependo de ter algum dia desejado: FARDA E NADA MAIS!!