segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FOLHA UNIVERSAL Nº 666


Reza forte, meu filho

Reza como se fossem lhe arrancar os dentes

Reza porque as algemas lhe apertam e o sangue corre devagar

Faz como teu velho pai,

Reza até chegar a morte,

Porque ela vem mesmo

E se você rezar...

Ela vem até mais rápido!!

Deus há de te ouvir depressa meu filho,

tu vai chegar ao paraíso

antes daqueles que não rezam!

Estes coitados...

Que pena sinto deles meu filho...

Quebram as algemas que Deus lhes deu.

Não rezam!

Não rezam!

Como podem ser livres?

Reza forte meu filho, pois não quero te ver livre.

Não quero que demore a encontrar o céu

O reino de Deus meu filho...

QUERIDO PATRÃO


Sonha...

Sonha com teu passatempo sonha...

...um dia você domina as horas de tal maneira

que teu rosto vai sorrir felicidade

teu “talento” vai atrair amizades como quem

aproveita-se da ingenuidade de uma companheira.

Com tamanha facilidade,

deita e rola pela sacanagem,

sanfona as brincadeiras

num ritmo tão quente

que até o diabo tira o chapéu.

Canta...

Com tua garganta grita...

... uma noite dessas ele descobre teu divertimento na tua cadeira

de tal maneira que teu corpo vai chorar anormalidade

teu desencanto contrai bizarrices como quem

deleita-se da safadeza de sua ratoeira.

Com pequena dificuldade

tua presa implora pela livre viagem

desvia das zombeteiras

numa batida tão de frente

que até um anjo cai do céu.

Santa...

Com tua Tereza Santa...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

R.E.F. escreve ao pequeno príncipe

... escorregam por entre as vozes de um mundo barulhento,

como o sopro construindo com as sementes que sem querer espalhou,

palavras e formas desconhecidas

estranhas e estúpidas a este mundo apressado.

Sem som

Sem traço

Fundindo tamanha confusão que adjetivo algum ousa pintar.

Arrisco acreditar que nascem com a mesma angústia,

o mesmo suspiro,

a mesma busca pelo silêncio e isso é o que existe de mais belo entre nós.

Por vezes sonho com o nascimento de suas cores no papel,

faço que te tenho por perto...

...vejo debruçada sobre a mesa toda a magia da infância que teima em não se afastar

cultivada com o carinho que se tem por uma rosa.

A única rosa.

A que sempre inspira vontade de voltar.

Sua bem guardada cúpula talvez,

seja a verdadeira responsável pelo grande mistério...

...a rosa:

de tantos cuidados recebidos,

nunca toca o ar árido,

não conhece as gotas de uma tempestade,

permanece cândida na fantasia de sua redoma,

por medo de quem a ama.

E é por medo, que nunca respira a verdadeira vida,

não conhece liberdade alguma,

como uma pequena princesa, envolvida de amor

enquanto seus mentores estão sempre a viajar por outras terras,

provando sabores de outros jardins,

testando a voracidade de outros insetos,

sem nunca conseguir deixar de amar,

nem que seja por um momento,

a rosa mais bela e mais triste deste mundo.