terça-feira, 27 de setembro de 2011

Irmãos

Y así nos reconocemos 
por el lejano mirar, 
por la copla que mordemos, 
semilla de inmensidad.

Atahualpa Yupanqui - "Los Hermanos"

Quando passarem os corpos no desfile sem cores das ruas, lá não estaremos.

Não estaremos lá quando os dentes carregarem a felicidade vazia dos tempos vividos.

E quando não existir mais nada para não estarmos, a solidão encontrará nossos gemidos e estaremos juntos enfim.

Nossos olhos que choram pertencerão ao breve silêncio de nossa eternidade e assim nos reconheceremos irmãos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Iansã

Oyá,

descobre do teu jeito que sempre o sol se põe diferente.

Hoje tudo é descoberta, tudo é ar e movimento nesses teus cabelos de terra molhada.

Um dia,
lá longe quando o raio não caía,
o rosto que não via outro rosto que lhe mirasse
esperava sem querer a vida parar de lhe tirar os seus.

Hoje a espera já se foi...

... a força já é tua, mas é desejo teimoso e pede que isso você não esqueça.

Diz com cheiro suave de mata que trovoada demais afasta.
Implora que teu vento seja a fertilidade que vem
trazendo um calmo sono após gozar na tempestade.