sexta-feira, 20 de março de 2009

O estrangeiro

O corpo imóvel.
Inflexível diante das leis,
torna-se não mais visível.

Excluído de forma bruta, margeia qualquer mente corroída.
Sofre
mas aprende a fazer uso.

Cresce e muda tudo
Invisível e imóvel para toda mente corroída,
rói e desconstrói.

Grita tanto...
geme tanto...
aponta o dedo tão na cara...

Amedronta.

Nunca manteve-se quieto,
mas recebe agora olhares destas mentes focadas na dor.
O que antes invisível era diante das leis, torna-se crível.

Amedronta.

Abala que fere tanto...

A bala que fere tanto...

Deixa seu corpo imóvel.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ombro a ombro nas ruas

... e tudo que vai sendo dito pelas paredes
segue ao contrário do escrito nos jornais.

Tensão necessária.

Insônia rebelde que afasta de macias camas condicionadas por frescos ares de comforto.

Ao calor, mexem-se todos.
Infortúnio, ardência, suor que não refresca, sede eterna nunca satisfeita.
Ombro a ombro nas ruas.
Tensão necessária para que nem todo o ar se condicione.

Portas fechadas, cercas cortantes, mais valia e morte.

EXPROPRIA!

Traz às paredes novas frases,
vida nova
pois jornais morrem aos montes
em mãos sofridas de um trem qualquer.

sábado, 7 de março de 2009

O ébrio e a coragem

Não há vôo com asas cerradas ou sangue por veias abertas.
Neste meio sufoca-se com prazer entre cores e ruídos, dia após dia.
E o gozo que goza, golpeia, voa e sangra...
antes que os dedos se esfolem,
procura um trago que seja no copo de qualquer fonte que não lhe deixe soterrar.

Sente diariamente o medo.
Sente o ruído dos aparelhos eletrônicos ligados, das portas da desesperança, do descaso, da felicidade burra e dos rolos que lhe comprimem o corpo atordoando-lhe com pequenas pedras que nos olhos entram como estivesse enterrado.
Golpes que levantam terra repleta de sanguessugas empoeiram tudo o que de cima visível pudesse ser,
mas não se avista...
como se enterrado fosse.

Certas páginas quando deixam de ser folheadas, esquecidas por entre terra e poeira, abandono da paixão comum, morrem jovens, repletas de inspirações.
Dia após dia.

Um trago que seja no copo desta fonte que lhe traga coragem de não deixar soterrar.
Um trago, um sopro de vida que não seja iludida,
a mão sobre a tez suave de uma criança.
O ébrio e a coragem.
Dia após dia.