quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavras de Liberdade

"Llena pues de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura."

EL POETA PIDE A SU AMOR QUE LE ESCRIBA
Federico Garcia Lorca


Um tempo de sorrir com os olhos que não é jovem nem antigo.
Um tempo que não existe.
Poesia sem idade
fértil, fêmea e gutural.

Um tempo que não existe.
Um tempo de sorrir o beijo dado na calçada do mundo.
Poesia sem verdade
Úmida, quente e doce.

Um tempo de sorrir.
Um tempo que não existe.
Poesia e liberdade,
Luta, sofre e chora.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Teresa e Bernardo

"Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão perceber como se ganha uma bandeira
E vão saber o que custou a liberdade.
"
À Volta da Fogueira : Rui Mingas - Manoel Rui - Martinho da Vila

Acomodou gentilmente as crianças na areia para que pudessem chorar o mar.
Choraram e sorriram ao ver o mar grande indo e vindo a todo instante.
O velho pai com seus anos velhos pôs lenha a arder frente aos olhos doces,
cantou devagar a poesia da rosa e de seu príncipe,
cantou o fogo que levava tudo embora.

Disse que chorassem.
Disse que as lágrimas eram presentes seus e somente seus
dos três sonhadores ao mar, para que as águas tivessem sempre um pedaço de seus sonhos.

As crianças entenderam a dor de ser fruto de um amor de verdade
entenderam a vida com seus medos bobos.

O velho pegou no colo a doçura e apertou bem forte no peito.
Pôs nas pequenas mãos a mesma areia que os sustentavam
e a vida escorreu lentamente pelos dedos
rumo ao mar
onde todo o amor um dia renascerá.

domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre o tempo e alguns desejos

"Will the wind ever remember
The names it has blown in the past?
And with its crutch, its old age, and its wisdom
It whispers no, this will be the last..."

James Marshall Hendrix - "The Wind Cries Mary"

Lá pelas tantas o vento sorriu raios de sol lentamente soprando o vermelho sangue dos cabelos.

Aos seus pés o chão vive de mistérios entre pedras, raízes e inocentes flores de desejos novos que crescem e urgem na aspereza madura da vida qualquer poesia boba sobre o proibido passado de semente adormecida.

Diz com voz macia que sua pele deita cartas ao rio com a esperança de ser tocada pelo correr das águas.
Diz com olhos fechados que suas costas arrepiam por repousar na varanda do mundo um verão calmo de nuvens brancas.

E antes de mais nada dê de beber ao sonho em teu sono tão preguiçoso...

...pois quando acordar pela noite e o sorriso soprar novamente seus cabelos, o cheiro doce da aventura descerá ao mortal campo de nossos dias iluminando tudo com um farto céu de novas estrelas.