terça-feira, 7 de junho de 2011

Nêga

Não importa se às vezes úmida e muitas outras árida, seja como for, a ventre - mata do teu corpo continental pariu o mundo.
Cada rebento rasgando a pele preta se desgarrou cedo olhando atrás para cuspir, misturando escarro às lágrimas no relevo desses rios - cicatrizes.

Nêga, tu que ri mesmo dormindo do lado da cama onde se respira mal, continua aos abraços com braços excitados na estranheza de um novo amor, até que um dia deixe de ser estranho e fecunde mais uma vez tua eterna fertilidade, trazendo mais um ritmo, um conto, uma dança, sempre com esse seu sorriso sobre o oceano.

Por fim, quando houver a tal aurora dos novos tempos, oxalá haja beleza nos olhos que te miram! Pois a pele de teu ventre ainda brilha esperando quem lhe beije.

Compas!!

Compas,
nossos sonhos se amaram pela madrugada no frio e no silêncio.

Sem medo ou dor nos pusemos de pé com nossas vidas e a vontade de Vida, com música e calor logo cedo nesse chão de pés descalços.

Compas,
pelo dia as veias vão abertas jorrando e tingindo tudo.

As horas nossas são manchadas com esse sangue e cada vez mais braços morrem em menos terra.

Compas,
mesmo que na chegada de mais uma noite muitos de nós não sonhem de tão exaustos,

estaremos de pé com nossas vidas e a vontade de Vida, com música e calor logo cedo nesse chão de pés descalços para que nossas crianças não sangrem e amem e saibam que a terra é de nossos fortes braços.

Tantos

para Lucas

Cada qual com seus tantos...
... bom mesmo é ser muitos.