terça-feira, 7 de junho de 2011

Nêga

Não importa se às vezes úmida e muitas outras árida, seja como for, a ventre - mata do teu corpo continental pariu o mundo.
Cada rebento rasgando a pele preta se desgarrou cedo olhando atrás para cuspir, misturando escarro às lágrimas no relevo desses rios - cicatrizes.

Nêga, tu que ri mesmo dormindo do lado da cama onde se respira mal, continua aos abraços com braços excitados na estranheza de um novo amor, até que um dia deixe de ser estranho e fecunde mais uma vez tua eterna fertilidade, trazendo mais um ritmo, um conto, uma dança, sempre com esse seu sorriso sobre o oceano.

Por fim, quando houver a tal aurora dos novos tempos, oxalá haja beleza nos olhos que te miram! Pois a pele de teu ventre ainda brilha esperando quem lhe beije.

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