quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Um olhar atento que nada procura

Sob o manto sombreado, ervas úmidas descansam com seus ínfimos e dedicados amores. Em espantosa quietude suspiram devagar trêmulas juras de cumplicidade aos que rastejam no solo; força e fragilidade numa pureza que deita pássaros e flores, insetos e arbustos, ao seio da mesma mãe.
Líquen e dossel silenciosamente evoluem e compõe cada qual à sua complexidade o cenário mais belo ao olhar atento daquele que nada procura. O rio, com seu eterno curso, também evolui e faz correr suas águas sem se importar se a carne que procura banho perde o vigor pela indiferente mão do tempo.
Há mulheres e homens nesta mesma floresta partilhando o rastejar do solo, o descanso dos pássaros, cúmplices como tantos outros dos amores harmoniosos das mais ínfimas relações, em paz como ervas ao silêncio de suas sombras. A semente os alimenta em doce gracejo louvando sua chegada ao solo, como parte de um delicado enovelamento de evoluções.

7 comentários:

tutaméia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
tutaméia disse...

[...]tropeçei nos versos, cada vez mais pertos, embaralhei as palavras,tanta inteligência que não servia pra nada, nesse redondo mundo, bilhões de gentes iguais em nada, tantos rostos registrados, pessoas físicas amontoadas...
quanta carne apodrecendo antes de ser o tempo, tantos miolos inutilizados, tanta raiva vinda de baixo, quem que inventou as cores? as roupas? a ordem? e o poder? quem quer que seja, arranque o dinheiro dos caixas, dos bolsos, das ilhas, afogue a cabeça dos egoístas, quebre os pescoços dos que cospem lá de cima...Tenhamos as mesmas coisas, terra com comida, teto, cama, água e justiça( que não seja tão cega e que se equilibre).

[...]Mas o tempo ta andando, ora corre, voa, tropeça, não existe, é infinito, não evolui por sí só, ta ali dentro das nossas apressadas cabeças, dentro dos relógios, das órbitas, dos compassos...
mas tem um outro tempo, naturalmente não se chama assim, é mais livre, atemporal, cada semente conhece um; pra conhecer ele, germine uma idéia e regue até o fim, veja que cada uma cresce, com uma cor, uma forma um sabor..umas são mais lentas, altas, ouras fortes, pequenas e rápidas...mas todas deixam raizes, sem tamanho, se fazem livres, fazem apenas o que querem; não possuem lógica ou sentido; cada uma tua verdade, cada fim na tua hora, mas vivem todas em liberdade! ...

Unknown disse...

por um segundo quase percebi ver o que era lido, entendi que era algo lindo e fulgaz. Talvez, apenas lindo.


-------
www.dacordasuapaz.blogspot.com
-------

kris disse...

Lindo texto!!!
BjOs

Tania Montandon disse...

Que beleza. Aparentemente sombrio, seu fluxo de consciência mostra marcas mais humanas da metamorfose e uma face realista do mundo, com "monstros e fadas", abismos e cumes...

beijos

Unknown disse...

Muito bom, realmente gostei.

Aflaudisio Dantas disse...

bem legal teuhttp://aflaudisiodantas.zip.net/ blog vou adiciona-lo