terça-feira, 23 de setembro de 2008

O Cárcere

O pior erro do rebanho é achar que o mundo vai até onde a vista alcança.
Quanta graça desperdiçada dia após dia por esta vasta legião que arrota as migalhas jogadas como ração, pelos bondosos pastores, redentores e mártires, mercadores do mundo sacro. As vastas nuances de distantes montanhas, que ao Sol mudam de tonalidade, ricas e belas, poderosas em sua espontaneidade, rebaixam-se à imagens desfocadas de uma lente sanguinária, interprete da língua mortífera amplificada às almas perdidas. Florestas tornam-se pastos mastigados por bocas obedientes.
Entretanto, a vida que pulsa no ventre magro dos famélicos da terra suplica a morte. A imagem do pastor pisoteada por um rebanho que não é mais de sua posse, esta sim é a suplica dos povos, é a graça recuperada de uma harmonia perturbada. O desejo urgente da germinação floresce exatamente no terreno mais árido,e senti-lo, sentir furiosamente este desejo que é tão delicado, sensibiliza apenas os que esticam bravamente os pescoços para ver as cores da montanha além das cercas frouxas.

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