sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Velho e o Mar

para TUTAMEIA

O corpo delicado de água doce corre para a grandeza sem margens. O velho acaricia a barba rala, num desfrute cotidiano ao despertar com o mar. O cheiro salgado parece embriagar de vida, enquanto ilusões pequenas e fúteis desvairecem com o arder do sol, em um corpo pálido que vai virando moreno.
Compartilha liberdade. Sente o efeito que os longos braços imprimem ao suave toque na areia, como se fosse a sua pele que estivesse sendo beijada, num embaraço desconcertado. Sente-se acompanhado da grandeza e não mais amedronta-se com pequenas tolices, abandonado em seu barraco, como lhe era comum aos dias de misantrópica reclusa. O velho, diante do mar, está em suas águas sem ao menos se molhar. Ignora por completo o tamanho da costa, quando em sua busca por simplicidade, caminha por horas em toda a extensão ensolarada.
Ao entardecer é comum encontrar, um pouco triste, o velho e sua barba na pedra em que costuma sentar. Entristece, pois a beleza é tanta que o faz duvidar de sua duração. Não a duração da beleza... pois o mar será sempre belo e inspirará olhares de amantes mil.... o que realmente lhe preocupa são as indas e vindas do vento, que numa dessas obriga o mar, com seus belos braços longos, em uma onda forte derrubar o velho da pedra em que costuma ficar, afogando-lhe na beleza que tanto admira. Perdido em tanta grandeza, talvez não consiga com seus pequenos braços abraçar com totalidade as águas que lhe envolvem...

10 comentários:

Daniel Murillo disse...

parabéns você escreve muito bem, muito legal o texto, mesmo sendo um tanto triste.

Anônimo disse...

Achei ímpar a forma da qual você usa para empregar palavras e figuras de linguagem.E esse tom depressivo me conquista.
Parabéns!

(Didixy) Conquistadores disse...

Realmente um excelente texto, mas eu não gosto de contos, pois acho que eles terminam sem mais sem menos, mesmo assim muito bom.

Feliz Natal!

http://www.conquistadoresde.info/

Fábio Flora disse...

Alguma poesia em sua prosa. Continue escrevendo. Ainda há muito mar pela frente – mas você está na rota certa.

Um feliz você para todos os Natais futuros!

http://ultramuito.blogspot.com/

Eu, Thiago Assis disse...

Nossa, que bom o teu blog.
É por encontrar leituras assim que gosto cada vez mais de ter entrado na Blogosfera.

O velho na pedra, admirando a beleza do mar que de pacífico pode num instante se tornar violento seria uma bela observaçao do ser humano em si.

Realmente gostei daqui. Vou adicionar teu endereço para lembrar de passar por aqui mais vezes..


Thiago Assis,
www.thiagogaru.blogspot.com

tutaméia disse...

Deixe o sal do mar lhe fazer boiar.
As ondas fortes lhe ensinarão a nadar.
não tenha medo se a corrente lhe jogar pra imensidão do mar.
reme, reme, até onde teu coração mandar.


se é bonito o mar, velho,
abra os olhos pra ofuscar e sentir as chamas dos raios entrar.

sinta a água gelada refrescar.
o sal estancará toda tristeza que a seca pedra lhe dá.


com amor
Tuta

Lidiane disse...

adorei o post,muito bem escrito uma riqueza de detalhes sem igual, parabnes

Gabriela Domiciano disse...

gostei do teu jeito de escrever!!!
e gostei da história tb, sobre o mar, mt bela!!!

=)

Anônimo disse...

Um orgasmo literário.




http://quartodealuguel.blogspot.com

Unknown disse...

gregor sansa foi uma grande inspiraçao na minha vida. uma barata...reflexos até hoje. abraços